Reportagem na Capela

Na quinta-feira 12 de julho de 2007, recebi na Capela N. Sra da Conceição a jornalista Natália von Korsch e a fotógrafa Sheila Guimarães, do Jornal Extra (Rio de Janeiro), as quais buscavam  informações sobre o Motu Proprio e as diferenças das duas missas. De um modo geral o trabalho apresentado pelo jornal no domingo 15 de julho é fiel à conversa que tivemos naquela manhã e queria agradecer às duas profissionais por isso. Veja abaixo o que de principal havia naquele jornal.

Jornal Extra – edição de domingo, 15 de julho de 2007

Natália von Korsch

 

 POLÊMICA CATÓLICA EM LATIM

Tradicionais comemoram liberação das missas de Pio V, enquanto progressistas temem retrocesso

 Foto de Sheila Guimarães


A polêmica em torno da decisão do Papa Bento XVI, no último dia 7, de permitir a realização de missas triden­tinas (rezadas em latim, co­mo foram ministradas até 1970) em todas as igrejas chegou também ao Brasil. Considerada a maior nação católica do mundo e talvez o país onde as chamadas “mis­sas novas” alcançaram seu auge, com a popularização das celebrações carismáti­cas, alguns religiosos pro­gressistas temem um possí­vel retrocesso.

Em artigo publicado no site da Conferência Nacio­nal dos Bispos do Brasil (CNBB), que não quis se pronunciar sobre o tema, o bispo de Dourados, no Mato Grosso do Sul, Dom Redo­vino Rizzardo, disse o que muitos pensaram: “De mi­nha parte, não vejo motivo algum para se retomar, na Igreja que presido, um rito que já teve a sua época áu­rea. Há assuntos bem mais urgentes com que se preocu­par! E não é que esteja con­tra o latim: o pouco de por­tuguês que aprendi, veio precisamente do latim”.

Na missa tridentina, tam­bém conhecida como de São Pio V, no entanto, o latim é apenas um detalhe, como outros elementos da celebra­ção que causam estranheza aos católicos nascidos depois da introdução da missa nova por Paulo VI, como o fato de o padre realizar a celebração voltado para o altar, de cos­tas para os fiéis. Segundo ca­tólicos que, todos os fins de semana, dirigem-se às pou­cas igrejas do estado que mantiveram a tradição, o ri­tual antigo os aproxima ain­da mais de sua fé.

E a missa que sempre foi usada na Igreja. Nós es­távamos órfãos. Com essa li­beração, deixou de ser exce­ção para voltar a ser usual, comemora João Carlos Ro­cha, presidente do grupo jo­vem Opus Christi.

 

Amém para a decisão de Sua Santidade

Na última quinta-feira, apenas três pessoas ocupavam os 22 bancos espalhados pela bela capela de Nossa Senhora da Conceição, em Pendotiba, Niterói, na missa das 7h30m. Apesar de não falarem ou entenderem o latim rezado pelo padre Dom Lourenço, eles enfrentaram a forte chuva que caía sobre a cidade para assistir a mais uma missa de São Pio V e garantem que não a trocam por nada.

- Parei de ir à missa progressista quando era jovem. Mas, há cerca de um ano, descobri esse ritual e me encantei. Aqui eu me senti católica e, pela primeira vez, estou aprendendo a religião. Entender o latim é o menor esforço – conta a advogada Luisa Fraga, de 45 anos, que toda semana leva os dois filhos adolescentes à igreja.

Liberdade para todos

Há 22 anos no sacerdócio, sempre celebrando missas tridentinas, Dom Lourenço aprendeu a respeitar o ritual tradicional com seu pai, quando ainda era adolescente. Na época ele acompanhou a perseguição que os padres brasileiros sofreram ao tentar permanecer fiéis à doutrina católica:

- A missa antiga nunca foi abolida, mas foi imposto de um modo muito duro, por todos os bispos, que se rezasse a missa nova que Paulo VI tinha determinado. Isso foi feito sob ameaças, perseguições. Por isso, agora, nós batemos palmas para a decisão do Papa Bento XVI – conta ele, que costuma receber cerca de 120 fiéis nas missas de domingo.

O teólogo do Mosteiro de São Bento, Dom Estevão Bittencourt, também comemorou a liberdade recém-conquistada: - Foi muito bom para a paz na Igreja, pois cada um vai poder rezar a missa da forma que quiser. Se alguns gostam, que seja assim.

 

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