UM PÁROCO DA DIOCESE DE SESSA AURUNCA DECIDIU NÃO CELEBRAR MAIS A
MISSA SEGUNDO O NOVUS ORDO
O Padre Louis Demornex é Pároco de
Fontanaradina di Sessa Aurunca, na provincia di Caserta, Itália. Ao comunicar
ao seu bispo sua decisão, recebeu repreensões e sanções. Foi afastado da
paróquia. Mais tarde foi reintegrado, mas seu caso ainda está em
"julgamento". Coisas da "Outra", como Corção gostava de
chamar a nova Igreja de Vaticano II. Enquanto isso, o carnaval ecumênico de
Dom Ivo Lorscheiter, em Santa Maria, ou os shows do Pe. Marcelo não precisam
de "julgamento", pois fazem parte dos seus ritos.
As cartas foram colhidas no site italiano Inter
multiplices una vox
CARTA
DE UM PÁROCO A SEUS PAROQUIANOS
PRIMEIRA CARTA
Por quê retornar à Missa de São Pio V
O motivo determinante é a questão dos
Fragmentos consagrados que estão sendo profanados de todos os modos possíveis:
1 - Na distribuição da comunhão:
- sem a patena, os Fragmentos caem pelo corpo do comungante ou pelo chão e são
pisados, varridos e dispersos;
- dada a Hóstia na mão, restam Fragmentos grudados na mão do Comungante ( Por
quê até 1989 era sacrilégio tocar o Santíssimo e hoje isso virou ato de devoção?
Onde está a verdade?);
- Nem sequer falamos do modo com que certas pessoas guardam a Partícula ou a
levam embora com as mais diversas intenções.
2 - Depois da Comunhão, o Sacerdote:
- não purifica mais as mãos e nem se lava, mas simplesmente joga fora a água;
- grande desleixo no modo de purificar a patena ou a pisside com o purificatório,
pelo qual os Fragmentos acabam ficando grudados no tecido e dispersos.
Tudo
isso nos faz pensar numa mulher que joga o fruto da sua concepção na lata do
lixo.
-
Ou não crêem mais que cada Fragmento seja Jesus Cristo inteiro e portanto são
heréticos……
- Ou crêem e são sacrílegos.
Nós
Católicos cremos na "transubstanciação", termo que significa a
mudança de uma substância para uma outra. Por exemplo se o chumbo se tornasse
ouro, mudaria sua substancia para aquela do ouro, de Pb se tornaria Au, até
mesmo no nível do átomo que é a menor partícula, infinitamente pequena.
Todos compreendem que um miligrama de ouro ou um quintal de ouro é sempre ouro.
O mesmo se dá com a Santa Missa: da substancia do pão se passa para a
substancia do Corpo do Senhor e a ciência nos ajuda a compreender exatamente
que tal passagem ocorre até mesmo a nível do "infinitamente
pequeno". Esta é a fé de sempre mantida pela Igreja Católica. Dogma de fé
que jamais poderá ser mudado já que o Dogma é a eterna Verdade revelada. E
então como é possível justificar novidades tão negativas? De onde saiu um
modo de agir tão irreverente, senão de um rito que leva a este triste êxito?
Eis porque eu tive que tomar distância de um rito que de tantos modos profana o
Santíssimo ( comunhão na mão, tabernáculos removidos e esquecidos,
Eucaristia na mão de "ministros extraordinários", quer seja homens
ou mulheres, Missas inventadas, inculturadas...etc)
È absolutamente impossível seguir tal anarquia e pretender espelhar a fé Católica
constante. Portanto tudo isso me obriga a tomar uma decisão: rechaçar todas
essas novidades, por amor à Verdade, à Eucaristia, à Igreja e às vossas
almas que têm direito à salvação por meio da graça.
Vocês
me perguntarão porque demorei tanto a chegar a estas conclusões. Pois bem, eu
busquei comunicar a fé católica através desses novos ritos, eu busquei rezar
a Missa voltado para o povo por dois anos na esperança de exprimir também
assim a fé Católica. Mas a Missa voltado para o povo se torna obrigatoriamente
oferta ao povo, na sua língua, com os seus cânticos. Torna-se um banquete, um
convívio de festa, de fraternidade, uma reunião calorosa, dinâmica,
participativa, alegre, enfim uma coisa da terra. Eu assisti certos ritos assim
alegres e festivos que verdadeiramente , ainda que tivessem uma aparência simpática,
faziam com que fosse impossível ver ali o Sacrifício do Calvário renovado na
sua tremenda dramaticidade.
Temos
então que nos confrontar com duas realidades totalmente diversas:
A - A Missa oficial atual; que se assemelha a um banquete, a uma comunhão fraterna entre os
presentes para rezarem juntos celebrando a memória da última ceia de Jesus com
os seus discípulos, pela qual Jesus está presente espiritualmente em meio aos
fiéis
(cf. art. 7 do missal romano). Sendo este rito dirigido aos fiéis, é lógico
que deve ser dito em alta voz, em uma língua compreensível, ( até mesmo
dialetos) freqüentemente inventado ou improvisado, variando segundo o lugar,
hora, estação, idade dos presentes, a sua classe. Sem falar da música!
Mas vocês estão seguros de que em todas essas variações, caprichos, evoluções,
improvisações, fantasias está sendo sempre expresso integralmente o dogma, a
Verdade Católica?
Vocês
estão seguros de atingirem a plenitude da graça que provém do rito perfeito
definido pela Igreja por ocasião do Concílio de Trento?
Desta
anarquia, desordem, criatividade, confusão litúrgica surge obrigatoriamente a
confusão espiritual do povo cristão que criou uma religião do comodismo:
entrar numa igreja com vestes indecentes, bater papo sem nenhum constrangimento
diante do Santíssimo, sem nem mesmo uma pequena genuflexão, uma saudação,
simplesmente como se não existisse. E sobretudo pegar a Hóstia com a mão como
se fosse um pedaço de pão ordinário, sem o menor cuidado com os Fragmentos,
sem a Confissão prévia, fazer de tudo durante a Comunhão sem nenhuma
disciplina moral ou espiritual, freqüentemente em estado de pecado mortal, o
qual, por outro lado já dizem que não existe mais.
Quantas surpresas diante do tribunal de Deus ! Realmente é de causar tremor!
Por outro lado, o fato de que o rito dessa Missa seja praticado até mesmo por
protestantes de tendência anglicano-calvinista ( altar voltado para o povo),
demonstra que ela não exprime mais o dogma Católico.
Vejam o que disse Lutero sobre a Missa Católica: «Afirmo que todos os homicídios,
os furtos, os adultérios são ainda menos piores do que esta abominável
Missa…… (Sermão do 1E° domingo de Advento). Quando a Missa for
derrubada, penso que teremos derrubado o inteiro papado. (Tratado contra
Henricum)»».
Na
sua carta ao Santo Padre Paulo VI, o cardeal Ottaviani, Prefeito do Santo Ofício
( não um analfabeto qualquer, portanto, uma pessoa em posto de
responsabilidade) disse a propósito da nova Missa: « O Novus Ordo Missae
representa, seja no seu todo como nos particulares, um impressionante
afastamento da teologia da Santa Missa, tal qual ela foi formulada na sessão
XXII do Concilio Tridentino……», e anexou a essa carta um breve exame
critico o qual até hoje não recebeu resposta.
B
- A Missa Católica,
que é a renovação não cruenta do único sacrifício do Calvário, onde
Jesus, por meio de si mesmo como Sacerdote, se oferece a Deus Pai para obter o
perdão dos pecados dos vivos e dos mortos, é o mistério terrível desta Vítima
divina e eterna que renova a expressão máxima de sua compaixão pela
humanidade arruinada, corrupta, atraída mais para o mal do que para o bem,
excluída do Paraíso, presa à própria malícia e ao demônio.
A Missa católica é portanto súplica, a oferta do Redentor que se faz pecado
para lavar no seu Sangue os nossos pecados.
Esta Missa deve ser seguida com respeito, profundo silêncio, contemplação
devota, participação comovida do coração que contempla e se une à ação do
seu Redentor que ali se apresenta, feito pecado, ao justo Juiz que sobre tudo
faz um exame exato, e intercede a nosso favor para que sejamos perdoados. Jesus
diz ao Pai: «Pai, olha para esta perfeita adoração, para esta perfeita reparação
que te ofereço com o meu Sangue puríssimo tirado de uma Virgem para que se
tornasse purificação dos pecados de todo o mundo. Olhando para o meu Sangue, o
meu amor, a minha dor, a minha oração, perdoa-lhes, esqueça de seus pecados,
olhe apenas para mim que te amo com amor eterno, perfeito, infinito, que os amo
mais do que minha própria vida, por isso os tornei preciosos porque foram
comprados a preço do meu próprio Sangue divino.» E nós expectadores, adoradores
desta súplica, devemos unir nossos corações ao coração de Jesus que fala
por nós, a nosso favor. Deixemo-lo falar com as palavras e os gestos que a
Igreja definiu e canonizou através dos séculos.
Eis
aqui alguns documentos da Igreja, referentes à Missa:
- Concilio de Trento: decreto e cânones sobre a Missa:
Cap.
4:
«E porque as coisas santas devem ser administradas santamente e, de todas, este
é o sacrifício mais santo: A Igreja Católica, para que esse pudesse ser
oferecido e recebido dignamente com todo o respeito, estabeleceu desde muitos
séculos o sagrado cânon, de tal forma purificado de qualquer erro, que não
contém nada que não exale grande santidade e piedade e não eleve a Deus a
mente daqueles que o oferecem. Este, de fato, é composto seja das mesmas
palavras do Senhor, seja da Tradição apostólica e também de tudo o quanto
foi estabelecido piamente pelos Santos Pontífices.» (n° 1745).
O culto de adoração, a oferta do sacrifício é portanto algo definido pela
Igreja, desde sempre e não pode ser modificado, alterado, proibido.
- Da
Bulla Quo primum tempore de São Pio V de 14 de julho de 1570:
«Já
que é soberanamente oportuno que, na Igreja de Deus, haja uma só maneira de
salmodiar e um só rito para celebrar a Missa, parecia-nos necessário
providenciar, o mais cedo possível, o restante desta tarefa, ou seja, a edição
do Missal. Para tanto, julgamos dever confiar este trabalho a uma comissão de
homens eruditos.
…Restituíram o mesmo
Missal na sua antiga forma segundo a norma e o rito dos santos Padres……
« A Missa não poderá ser cantada ou recitada de outro modo senão aquele
prescrito pelo ordenamento do Missal por nós publicado……
« Por Nossa presente Constituição, que será valida para sempre, Nós
decretamos e ordenamos, sob pena de nossa indignação, que o uso de seus
missais próprios seja supresso e sejam eles radical e totalmente rejeitados; e,
quanto ao Nosso presente Missal recentemente publicado, nada jamais lhe deverá
ser acrescentado, nem supresso, nem modificado.
«« Além disso, em virtude de Nossa Autoridade Apostólica, pelo teor da
presente Bula, concedemos e damos o indulto seguinte: que, doravante, para
cantar ou rezar a Missa em qualquer Igreja, se possa, sem restrição seguir
este Missal com permissão e poder de usá-lo livre e licitamente, sem nenhum
escrúpulo de consciência e sem que se possa incorrer em nenhuma pena, sentença
e censura, e isto para sempre. Da mesma forma decretamos e declaramos que os
Prelados, Administradores, Cônegos, Capelães e todos os outros Padres
seculares, designados com qualquer denominação, ou Regulares, de qualquer
Ordem, não sejam obrigados a celebrar a Missa de outro modo que o por Nós
ordenado; nem sejam coagidos e forçados, por quem quer que seja, a modificar o
presente Missal, e a presente Bula não poderá jamais, em tempo algum, ser
revogada nem modificada, mas permanecerá sempre firme e válida, em toda a sua
força.
« Assim, portanto, que a ninguém absolutamente seja permitido infringir ou,
por temerária audácia, se opor à presente disposição de nossa permissão,
estatuto, ordenação, mandato, preceito, concessão, indulto, declaração,
vontade, decreto e proibição.
Se
alguém, contudo, tiver a audácia de atentar contra estas disposições, saiba
que incorrerá na indignação de Deus Todo-poderoso e de seus bem-aventurados
Apóstolos Pedro e Paulo.
’’Por
outro lado, como vocês puderam ver, o rito celebrado é um rito antigo
confirmado pela imemorável tradição, canonizado pelo Concílio de Trento e
por São Pio V, que muitos de vocês ainda recordam.
- Pelo
Direito Canônico:
Antigo
Código:
Titulus
XII, De delictis contra religionem
Can. 2320 - Qui species consecratas abiecerit vel ad malum finem abduxerit
aut retinuerit, est suspectus de hæresi; incurrit in excommunicationem latæ
sententiæ specialissimo modo Sedi Apostolicææ reservatam; est ipso facto
infamis, et clericus prææterea est deponendus.
(Quem profanar as espécies consagradas,apoderar-se delas ou retê-las com fins
sacrílegos, torna-se suspeito de heresia, incorre na excomunhão latæ sententiæ
reservada de modo especialíssimo à Sede Apostólica; o réu é ipso facto
infame e além disso, se for um eclesiástico, deve ser deposto).
Novo Código:
Can
1367 - Qui species consecratas abicit aut in sacrilegum finem abducit vel
retinet, in excommunicationem latææ sententiæ Sedi Apostolicæ reservatam
incurrit; clericus prææterea alia pœœna non exclusa dimissione e statu
clericali, puniri potest.
(Quem profana as espécies consagradas, ou então as carrega ou as conserva com
objetivo sacrílego, incorre na excomunhão latææ sententiææ reservada à
Sede Apostólica; o clérigo além disso pode ser punido com outra pena, não
excluida a demissão do estado clerical).
Quem duvidará que a essa práxis atual da comunhão na mão não se possa
aplicar esse cânon? Isso é o mesmo que dizer que muitos sacerdotes e bispos se
encontram excomungados pela Igreja Católica! Os fatos são fatos e contra fatos
não há argumentos! É bem verdade que não jogam fora os Fragmentos com propósito
maligno, todavia sabem que os Fragmentos caem , sabem que em cada um desses
Fragmentos está Deus Sacramentado. O que diríamos então de uma mãe que joga
seu filho pela janela sem nenhuma maldade, sem querer? Se não é criminosa, é
louca!
O horror, o ódio, a ojeriza absoluta pela Missa Tridentina tem qualquer coisa
que ultrapassa a lógica, o raciocínio e até os motivos pastorais. Esta Missa
moderna é um pesadelo, um pecado mortal que faz-nos recordar os comentários
altamente teológicos de Lutero: «Quando a missa for derrubada, estou
convencido de que juntamente com ela conseguiremos derrubar o inteiro papismo. O
papismo, de fato, se apóia sobre a missa como sobre uma rocha, todo inteiro,
com os seus mosteiros, bispados, colégios, altares, ministérios e doutrina, em
uma palavra , com todo o seu bojo. Tudo isso cairá necessariamente quando cair
a sua missa sacrílega e abominável. Eu declaro que todos os bordéis, os homicídios,
os furtos, os assassinatos e os adultérios não são nada em comparação com
aquela abominação que é a missa papista.» (Para quem tem uma obsessão
por reabilitar Lutero!).
Como explicar esse fanatismo contra a Santa Missa?
A
chamam "nostalgia pelo passado":
Mas será que um rito...
-
feito segundo "a norma e o rito dos Santos Padres", isto é desde os
primeiríssimos séculos da Igreja,
- que santificou a Igreja e foi celebrado pelos maiores santos,
- que reflete o eterno presente de Deus, isto é sem passado nem futuro, sempre
idêntico a si mesmo,
- regulado pela norma habitual e à qual se anexa uma lei escrita, totalmente
aprovada por atos infalíveis,
- universalmente celebrado na sua língua sacra e "estabelecido há muitos
séculos",
pode
por acaso este rito estar sujeito a um gosto ( nostalgia) ou desgosto pessoal?
Estes
sentimentalismos e preferências são a característica do protestantismo,
religião criada pelos gostos e pela soberba do homem, não revelada do Alto.
A
acusam de "imobilismo litúrgico".
Na verdade, se deveria admirar a sua "estabilidade" ao longo dos séculos,
como coisa não humana e sim divina, prova da sua perfeição. Certamente que não
possuem o menor senso de humor estes "instáveis", os quais , sob o
pretexto da participação, da compreensão por parte do povo, usando termos
científicos como: "atualização contínua, inculturação,
aprofundamento, a formação permanente...etc, dão asas a todos os seus anseios
por novidades, tomando por lei tudo que não passa de capricho do momento.
E quando uma comunidade condena seu próprio passado, chamando de saudosistas
aqueles que ainda o amam, seguramente acontecerá que num certo amanhã, esta
mesma comunidade acabará por renegar também o seu presente.
Assim fazem os instáveis: para ocultar a sua fragilidade, estão sempre em
busca, escrevem livros competentes, fazem elocubrações eruditas, mas nada
disso não diminui o fato de que o mutante está sempre em necessidade, de agora
em diante necessidade de uma contínua fuga avante, efeito de uma instabilidade
de caráter, de um desejo de protagonismo, de uma ambição de escrever e
reescrever a história, com contínuas correções ao ponto que no final agem
etsi Deus non daretur, ""como se na Missa não se importassem mais
se Deus está presente ou não, se nos fala e se nos escuta " (CARD. RATZINGER,
La mia vita).
E no
final eis o último achado: a comunhão na mão.
Todavia, desta vez a coisa se torna grave. São profanações claras e
evidentes. O diz a Fé, a piedade cristã, o Direito Canônico.
Descobre-se
que não sabem mais quem é Deus.
Celebram com convicção e algumas vezes com dignidade, mas um rito pessoal,
onde a "comunidade celebra a si mesma, sem que valha a pena "
(CARD. RATZINGER, La mia vita).
"Sejam bons atores", é
o que tem dito ultimamente o bispo de B. aos seus sacerdotes.
É verdade, no teatro, os atores buscam envolver emotivamente os expectadores,
caso contrário, que tipo de atores seriam?
Cria-se portanto comunhão, transmissão de uma mensagem. Com efeito, na busca
da comunicação de homem para homem estão tão atarefados que se esquecem, por
distração, da dimensão vertical do Sagrado.
O Sacerdote vai em busca do povo com grande afã, deve agradar ao povo,
necessita do povo, não pode mais celebrar sem o povo.
Por outro lado, o Sacerdote colocou-se no lugar onde antes se encontrava Deus,
manifestando assim a sua sede de poder, de aparecer, de presidir, de comandar,
de ser valorizado.
E o povo dá sua opinião: "como ele celebra bem……", "mas ele
não acaba nunca!……", "pelo menos esse aí celebra rápido!……",
""parece que essa Missa não anda……" Ouvimos de tudo, já que
se trata dos ritos e das fantasias do celebrante.
"Se o sal perde o seu sabor... para nada mais serve senão para ser lançado
fora e calcado pelos homens" (Mt., 5, 13). O Sacerdócio é pisoteado
juntamente com a Santíssima Eucaristia, já que agora são os leigos que mandam
no Sacerdote: "Dá-me a hóstia na mão porque eu tenho esse direito".
O sacerdote então é obrigado pelo leigo a cometer uma profanação.
Dirão
que estão todos de acordo entre si. É verdade, mas na anarquia.
Dirão que estão todos juntos nisso. É verdade, mas a maioria não faz a
Verdade.
Há
quem corre na frente, quem permanece atrás, quem empurra e quem freia, quem
segue despreocupado a novidade do momento, a sugestão mais aceitável. Do rito
da missa ao repertório dos cânticos ( até isso de acordo com o local) se
assiste a uma babel de funções, todas, cada uma mais disputada do que a outra,
uma verdadeira confusão. Cada paróquia se torna um gueto com os seus ritos próprios,
cânticos e usanças.... Como no ecumenismo: unidade na diversidade, de fato são
todos irmãos: na confusão.
A
Igreja Católica ao invés diz: unidade na Verdade. A estabilidade litúrgica, a
uniformidade dos ritos plasma cada sacerdote como numa estampa única, uniforme,
fabricada na antiguidade, conservada e transmitida íntegra pela Autoridade.
O sacerdote se aniquila no rito porque nele é a Igreja que celebra. E então se
pode estar seguro de que o dogma é transmitido, vivido, a graça se torna
presente e é eficaz.
Em todos os lugares da Terra, o sacrifício é único, única a língua, único
o canto, e portanto única a casa onde se encontram todos os católicos, irmãos
na Verdade, na verdadeira adoração, na celebração de um rito puro, santo,
completo, inspirado por Deus, agradável a Deus, alma da Igreja, luz dos corações.
Rito que não tem nada de humano, totalmente despojado de elementos e
tonalidades terrestres.
"Imobilismo" significa estabilidade, solidez, eternidade, verdade,
segurança.
Quando
no"Russicum" (Roma), foi proposto pelo Reitor de se cantar em italiano
a epístola e o Evangelho, os romanos se encarregaram de imprimir os textos em
italiano para os fiéis, desde que os textos fossem cantados em slavone.
Não me parece que nos outros ritos exista um movimento litúrgico de tipo
latino, isto é "ecumênico-evolucionista manipulado pela base e imposto
pela Autoridade".
De qualquer modo é claro que esta mentalidade atual não tem nada a ver com a
mentalidade católica. A ruptura é evidente, primeiramente na mentalidade e
depois nos fatos.« A promulgação da proibição do missal que havia se
desenvolvido por séculos, desde o tempo dos sacramentos da antiga Igreja,
comportou uma ruptura na história da liturgia, cujas conseqüências só podiam
ser trágicas...……». « Estou convencido de que a crise eclesial na
qual nos encontramos hoje se deve em grande parte à decadência da liturgia ».
« A reforma litúrgica, ……produziu danos extremamente graves para a fé».
(CARD.
RATZINGER, La mia vita, ed. San
Paolo, 1997).
É provável
também que a crise mundial dependa da abolição do sacrifício perpétuo. De
fato no mesmo período ( anos 70):
- cerca de cem mil sacerdotes e bispos abandonaram o sacerdócio;
- Foram aprovadas leis sobre o divórcio e sobre o aborto ( em abril de 1997 só
a Itália superou mais de um milhão de mortos por abortos e o total de abortos
em todo o mundo supera o número de vítimas de todas as guerras da história
humana e depois ainda fingem que a pena de morte já foi abolida!)
- As Brigadas vermelhas e o terrorismo na Itália;
- a droga;
- o satanismo.
"Porque
o mistério da iniqüidade já está em ação, apenas esperando o
desaparecimento daquele que o detém. Então o tal ímpio se manifestará."
(II Tess., 2, 7-8).
Teria
sido esta reforma a causa desta apostasia?
Seria o Sacrifício da Missa o obstáculo que detinha o adversário?
««Caros filhos e filhas, Nós queremos mais uma vez convidá-los a
refletirem sobre esta novidade que é o novo rito da missa, o qual será
utilizado na celebração do santo sacrifício, a partir do próximo domingo,
dia 30 de novembro, primeiro domingo do Advento. Novo rito da missa! É uma
mudança que toca uma venerável tradição multisecular (…). Esta
mudança se dá sobre o desenvolvimento das cerimônias da missa. Constataremos
talvez um certo mal estar porque no altar, as palavras e os gestos não serão
mais idênticos àqueles que estávamos de tal forma habituados que quase nem
mais prestávamos atenção... Devemos nos preparar para estes múltiplos incômodos
que são inerentes a todas as novidades que mudam os nossos hábitos.
« Os sacerdotes que celebram em latim, privadamente (……) poderão
utilizar até o dia 28 de novembro de 1971, seja o Missal Romano, seja o novo
rito. Se usarem o Missal Romano, poderão (……). Se usarem o novo
rito, deverão seguir o texto oficial ……» (PAOLO VI, Alocução da audiência
geral do dia 26 de novembro de 1969).
Portanto
o rito moderno é oposto ao rito romano tradicional.
Padre
Louis Demornex